terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Tertúlias Literárias | Simplesmente obrigatórias

Tertúlias. O post de hoje é sobre tertúlias e a sua importância para a literatura.



Uma tertúlia é uma reunião periódica e informal de pessoas criada em torno de um interesse específico comum a todos os participantes. Está, normalmente, associada à literatura e às artes e tem como lugar eleição os cafés. Este hábito cosmopolita foi popularizado em Portugal pela geração d'Orpheu, conhecida pelas suas frequentes reuniões nos cafés da capital: A BrasileiraNicola, entre outros.

Infelizmente, com o advento do Estado Novo, a escrita abandonou o hábito de reunir a uma mesa de café, entre pares, e votou-se à solidão criativa que se tornou no cliché número um de qualquer escritor. A literatura não tem de ser solitária, escrever não deve ser um acto de isolamento. O ser humano é um animal social e gregário, talhado para conviver entre os da sua espécie e foi a sociedade construída a esta imagem. O escritor que contraria esta natureza arrisca-se a produzir uma obra distanciada do real, desligada do mundo contemporâneo e, por consequência, pouco interessante para o leitor.

A tertúlia é um evento de networking, de estímulo à criatividade, pensado não só para escritores como para leitores, editores, críticos, bloguers ou simplesmente curiosos. É no acto de partilha e de exposição do trabalho que nasce o aperfeiçoamento da obra. Numa tertúlia escutam-se variadíssimos textos que oscilam entre o clássico inspirador e o inédito nunca antes lido em público. A partir daí comenta-se, critica-se, fala-se, partilha-se. E o texto vai-se moldando na cabeça do escritor, alimentado por todas opiniões e contribuições que vai ouvindo dos seus pares.

A tertúlia é a vanguarda. É lá que os escritores testam os seus textos, que os editores procuram as novidades, que os bloguers buscam material. Os contactos trocam-se e as parcerias nascem. É fundamental que os escritores se conheçam entre si e que tenham a possibilidade de conhecer os leitores. E não tenham dúvidas: um leitor que se ganhe numa tertúlia desenvolverá com o autor uma relação incomparavelmente mais forte e profunda que aquele que meramente tropeça no seu livro numa qualquer livraria.


Cabe à nova geração de escritores e editores promover este tipo de encontros. Cabe ao leitor exigir que mais se faça, em quantidade e qualidade. A literatura pertence às ruas da cidade, não aos livros poeirentos que esperam nas estantes das livrarias.

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